Uma análise do filme a invenção de hugo cabret
Há algo de Charles Dickens na trajetória do pequeno órfão que, desde a morte do pai (Jude Law), vive escondido numa grande estação de trem em Paris, onde seria criado pelo tio beberrão (Ray Winstone), que desapareceu. Para não ser descoberto e mandado para um orfanato, o garoto executa secretamente o trabalho do tio: dar corda em todos os relógios da estação todos os dias. Seu maior inimigo é o Agente (Sacha Baron Cohen), obcecado por manter a ordem no local, que, ferido na guerra, manca de uma perna e sempre circula acompanhado de um feroz doberman.
A vida de Hugo é pautada por máquinas e mecanismos. A única lembrança que o garoto guarda do pai é um boneco autômato, que foi salvo do esquecimento no porão de um museu em que ele trabalhava, antes de morrer no incêndio que destruiu o local. O menino tem certeza de que o boneco é capaz de escrever algo, uma mensagem deixada por seu pai. Mas, para tanto, precisa terminar o seu conserto. Faltam-lhe peças, e essas são supridas por meio de pequenos furtos da loja de brinquedos dentro da estação, de propriedade de um velho ranzinza, conhecido como Papa Georges (Ben Kingsley).
A amizade entre Hugo e a filha adotiva de Papa Georges e Mama Jeanne (Helen McCrory), Isabelle (Chloë Grace Moretz, de “Deixe-me Entrar”), poderá ajudar não apenas o garoto a trazer o autômato de volta à vida – e assim descobrir a mensagem secreta de seu pai – como também resgatar o passado de Georges Essa trama remeterá “A Invenção de Hugo Cabret” aos primeiros tempos do cinema, quando era pura diversão, algo pueril cujo conceito de arte ainda estava sendo descoberto. Ao menos até a chegada de Georges Meliés, que soube