O ceticismo mitigado de David Hume
A teoria empirista de Hume parte de uma distinção de dois tipos de perceções ou conteúdos mentais: as impressões que são as perceções mais vividas e as ideias que são perceções mais ténues.
De acordo com o princípio da cópia, todas as nossas ideias têm a sua origem em impressões externas (dados dos sentidos) ou internas (sentimentos e desejos). Assim só serão consideradas verdadeiras e com sentido aquelas ideias que se basearem em impressões, isto significa que as ideias de espírito, substância e causalidade não são ideias verdadeiras.
Existem dois géneros de investigação: a investigação de relações de ideias (conhecimento à priori que corresponde a proposições matemáticas que têm as seguintes caraterísticas: são verdades necessárias, pois não podemos negá-las sem nos contradizermos, mas nada nos dizem sobre o que existe no mundo. E a investigação de questões de facto (conhecimento à posteriori que corresponde a proposições que têm as seguintes caraterísticas: são verdades contingentes, pois podemos negá-las sem nos contradizermos e dizem respeito àquilo que existe no mundo.
Assim raciocinar sobre relações de ideias é fazer demonstrações, as quais têm um carácter dedutivo. Raciocinar sobre questões de facto é fazer inferências causais, as quais têm um carácter indutivo.
O nosso conhecimento das relações causais baseia-se na experiência. Vejamos um exemplo: vemos um amontoado de cinzas e inferimos que alguém fez uma fogueira, mas não observamos. Trata-se de um raciocínio indutivo que assenta na relação causa-efeito, que por sua vez se baseia na experiência passada para inferir que um monte de cinzas foi causado por uma fogueira. Ora a causalidade consiste apenas na conjunção constante entre géneros de objetos ou acontecimentos observáveis, ela não resulta dos nossos sentidos externos, nunca observamos qualquer conexão necessária entre causa e efeito, pelo que ela tem origem num sentimento interno produzido