O "caso Schreber" de Sigmund Freud
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA – 4º PERÍODO
DISCIPLINA: TEORIA PSICANALÍTICA I
DOCENTE: LÍGIA MENDONÇA
O “CASO SCHREBER” DE FREUD
MIGUEL DURÃO DOMINGUES DA SILVA
RIO DE JANEIRO
JANEIRO 2014
No presente trabalho, apresentarei o “Caso Schreber”, ou “Observações Psicanalíticas Sobre Um Caso De Paranoia Relatado Em Autobiografia”, publicado por Sigmund Freud em 1911. Trata-se de uma análise de um caso de dementia paranoides, totalmente baseada nas Memórias De Um Doente Dos Nervos (1903), relato autobiográfico de Daniel Paul Schreber (1842–1911), juiz de direito que ocupou a presidência de um tribunal “inferior” e, posteriormente, de um tribunal de apelação, numa Alemanha de efervescente nacionalismo. Schreber nasceu em julho de 1842 em uma tradicional família alemã. Seu pai, Daniel Gottlieb Schreber, ganhara notoriedade por todo o país devido a teorias educativas muito rígidas, baseadas na ginástica, na ortopedia e no higienismo. O objetivo deste parecia ser o de criar um novo homem.
O fim do século XIX, talvez em todo mundo o mundo ocidental, possivelmente foi um dos períodos de maior ebulição intelectual e intensificação do espírito humano. Essa combinação parecia trazer grandes possibilidades, como o novo homem de Daniel Gottlieb Schreber, ou o super homem de Nietzsche; como novas formas de organização social; como as novas pátrias emergentes; as diversas ciências nascentes; grandes obras literárias. A morte de Deus enunciada pelo filósofo alemão abria todo um leque de novas e perigosas possibilidades. Talvez jamais na história da humanidade a liberdade de pensamento, e com ela o desamparo espiritual, tivessem sido tão presentes. A luz e as trevas jamais haviam estado tão próximas do homem, e uma da outra. Paradoxalmente – tendo em vista o dito de Dostoievski segundo o qual “se Deus está morto, então tudo