Saúde mental
A interpretação da loucura, do louco e o seu lugar na sociedade sofreram mudanças ao longo da história. Para que se possa compreender a atual configuração existente neste campo, é necessário voltar em seus primórdios e conhecer um pouco de sua origem. No decorrer dos séculos, a visão da loucura passou por diferentes representações. Ela já foi vista como possessão demoníaca, como expressão do homem verdadeiro, como desrazão, como alienação e por fim como doença. Neste contexto de transformação do olhar sobre a loucura, se ganha destaque o gesto de Philippe Pinel, famoso psiquiatra francês do século XVIII que se propôs a oferecer pela primeira vez um tratamento aos loucos, tirando-os das antigas casas de internação a partir da criação de um novo modelo de instituição, o asilo, que tinha por objetivo isolar a loucura e oferece-lhe um tratamento. É neste momento que nasce a clínica psiquiátrica. Pinel acreditava que a loucura era uma doença da alma, e por isso propõe um tratamento moral, onde o médico morava dentro do asilo e servia de exemplo para os loucos, devendo se dirigir a estes, com autoridade, firmeza, compreensão e benevolência, destacando a importância de um meio sadio. Assim o médico era o dono da razão e o louco o da ignorância. Apesar de Pinel ter libertado os loucos dos grilhões das antigas casas de internamento, os aprisionou a ordem médica. É o que acredita Michel Foucault:
“Aquilo que a loucura ganha em precisão em seu esquema médico, ela perde em vigor na percepção concreta; o asilo, onde ela deve encontrar sua verdade, não mais permite distingui-la daquilo que não é sua verdade. Quanto mais ela é objetiva, menos é certa. O gesto que liberta para verificá-la é ao mesmo tempo a operação que a dissemina e oculta em todas as formas concretas da razão.” (FOUCAULT, 2012, p. 467) Para Foucault, o ato de Pinel