O casal Rosenberg
Mais de 50 anos depois da morte do casal americano condenado por revelar segredos aos soviéticos, aparecem novas evidências na história de Julius e Ethel
Eduardo Szklarz | 01/05/2006 00h00
Eram pouco mais de 20 horas daquele 19 de junho de 1953, quando o rabino entoou o salmo na prisão de Sing Sing, a 50 km de Nova York. Foi a última voz ouvida por Julius Rosenberg, de 35 anos, e sua mulher Ethel, de 37, presos nas cadeiras elétricas. Eles tinham sido condenados por espionagem e por revelar à União Soviética os segredos da bomba atômica. Julius morreu na primeira estremecida de 57 segundos, mas Ethel resistiu. Precisou de outras duas descargas até que seu coração parasse de bater.
Nas décadas seguintes, a inocência dos Rosenbergs ganhou ares de verdade absoluta. Com a extinção da URSS, porém, os fatos começaram a vir à tona: arquivos da KGB foram abertos, ex-agentes russos publicaram autobiografias e, nos EUA, o público finalmente teve acesso a um segredo guardado a muitas chaves: o Projeto Venona, que decodificou mensagens enviadas a Moscou durante a guerra. “Tudo isso prova que Julius trabalhou para a espionagem soviética, com a conivência passiva de Ethel”, diz o jornalista Assef Kfouri, autor do livro O Caso Rosenberg – 50 anos depois.
Essa história começa nos anos 30, quando os EUA mergulharam na depressão econômica. Filho de judeus poloneses, Julius foi um dos tantos jovens americanos que cresceram durante a crise e vislumbraram no marxismo a ponte para o novo mundo. Aos 16, ele já era membro ativo da Juventude Comunista. Conheceu Ethel numa atividade do grupo e casou-se com ela em 1939, quando se formou engenheiro. Enquanto o casal dividia o teto e os ideais em Nova York, cientistas corriam contra o tempo no Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México. Faziam parte do ultra-secreto Projeto Manhattan - para criar a bomba atômica.
Após a vitória sobre o Eixo, em 1945, EUA e URSS romperam a aliança e deram a largada para uma