O Capital
Para economistas, país ficou defasado no cenário global
Por De São Paulo
"Nós nunca conseguimos na verdade montar um arranjo de política econômica que pudesse nos reinserir no processo de redistribuição da indústria mundial" - Luiz Gonzaga Belluzzo
Começa a ser esboçada uma convergência no diagnóstico sobre o tímido desempenho do PIB brasileiro nos últimos anos. A retomada do crescimento requer um plano estruturado de redefinição da indústria, o calcanhar de Aquiles no atual cenário econômico. Essa é avaliação de dois renomados economistas, os professores Luiz Gonzaga Belluzzo e Edmar Bacha, convidados pelo Valor para analisar o tema deste suplemento que comemora os 13 anos do jornal: "Por que o Brasil não cresce?"
Em uma conversa de três horas, Bacha, um dos formuladores do planos Cruzado e Real e hoje ligado ao PSDB, e Belluzzo, também da equipe que implantou o Cruzado e que se identifica mais com a atual equipe econômica do governo, falaram sobre os desafios econômicos do país em curto e médio prazo. Veja nesta e na próxima página os principais momentos dessa troca de ideias.
Valor: O governo adotou estímulos fiscais e monetários e a economia não reagiu. Por quê?
Luiz Gonzaga Belluzzo: Ficamos atrasados. Quando falamos que tem um processo de desindustrialização, não estamos dizendo que estamos arrancando fábrica daqui, até porque o investimento estrangeiro direto continua vindo, mas ele vem para a ponta desse sistema. Nós não estamos nos engrenando nas cadeias produtivas globais. Quando começou esse negócio de globalização, houve uma discussão, a meu juízo ideológica, que tinha viés dos dois lados. Por um lado apresentavam a globalização como um processo homogêneo. Vou dar como exemplo um comentarista respeitado, Thomas Friedman, que diz que o mundo é plano. O mundo não é nada plano, é cheio de saliências e de diferenças. Você não explica o sucesso da China sem o que ocorreu nos Estados Unidos em matéria de