O Capital comercial para Marx
1. Valor e formas redistributivas
A transformação de valores em preços de produção pode ser considerada o primeiro passo para a abordagem sistemática da redistribuição dos valores entre os capitais. Trata-se, nesse caso, de uma redistribuição restritiva, operada entre os capitais industriais, com a exclusiva finalidade de compatibilizar unidades de capital em condições diversas quanto à relação com o trabalho vivo, tendo em vista a imposição de uma taxa de lucro uniforme.
O Livro III de O Capital desenvolve ainda outros passos na direção de formas funcionais do capital, igualmente redistributivas do produto social. Partindo do lucro médio, apresenta em primeiro lugar a maneira pela qual o capital comercial dele participa e a natureza do lucro comercial; em seguida, o capital a juros e a conversão de uma parte da mais-valia em juros; afinal, a renda da terra, ou a conversão do lucro extraordinário em renda da terra. Cada uma dessas formas corresponde a existências funcionais distintas do capital, e todas reforçam a concepção de que o produto da sociedade, ou valor — um abrangente magma social cuja substância é o trabalho — sofre redistribuição entre os capitais na formação da taxa média de lucro (preços de produção) ou após (sob a forma de lucro comercial, juros e renda da terra). Tal redistribuição, naturalmente, tem de se expressar através do sistema de preços.
2. O dinheiro
O dinheiro que existe em uma circulação cuja finalidade é valorativa D-M-D´tornou-se capital. É autônomo, não por prescindir da mercadoria, mas por ser valor que transita pela forma mercantil sem perder a finalidade valorativa. No circuito D-M-D´, mercadoria e dinheiro serão simples modalidades de existência do capital.
Vê-se nessa reconstituição esquemática do processo de auto-exposição do capital a partir da mercadoria que o dinheiro tem uma existência conceitual muito marcada por sua posição no interior dos dois processos de circulação. Em