O sistema de crédito e o capital fictício em marx
FEE, Porto Alegre.
179'201,1994
^ E~ 00
O O 2 8 91~
1
O S ISTEMA D E CREDITO E O CAPITAL
F ICTÍCIO E M MARX*
Claus M.
Germer**
1 - Introdução
A temática do dinheiro e do crédito é reconhecidamente uftia das partes mais esquecidas da obra teórica de Marx no campo econômico. Pode-se dizer, sem exagero, que desde a publicação do terceiro volume de O C apital, em 1894, apenas duas obras d e maior fôlego foram dedicadas a essa temática: em 1910, O C apital Financeiro, de
Hilferding (1985), e, em 1976, A M o e d a e m Marx, de Brunhoff (1978). Temhavido, efetivamente, um certo número de aitigos, publicados sobretudo em periódicos estrangeiros , que tratam de aspectos variados do tema, com objetivos, enfoques e profundidade bastante heterogêneos, mas que ainda são claramente insuficientes para restabelecer a relevância da teoria de Marx no campo monetário-fmanceiio e, principalmente, para consolidar um terreno de discussão especificamente marxista sobre o tema. Se é assim no âmbito geral do tema, obviamente a insuficiência se apresenta mais pronunciada nos seus diversos aspectos particulares. O presente texto aborda, em caráter exploratório, um desses aspectos, referente ao conceito de capital fictício formulado por Marx, procurando inseri-lo na sua exposição da teoria sobre o dinheiro e o sistema de crédito.
Duas observações parecem pertinentes. Em primeiro lugar, os problemas mencionados acima sobre o tema deste artigo apenas ilustram um estado de coisas que diz respeito à teoria de Marx como urn todo atualmente. Há uma insuficiência flagrante de d esenvolvimento e intercâmbio teóricos. Isso é necessário para que se possa estabelecer um consenso mínimo sobre os conceitos básicos da teoria, ou seja, uma base conceituai c omum mínima, capaz de delimitar o espaço teórico especificamente marxista. A inexistência de tal base é um obstáculo, por exemplo, para se poder dimensionar um campo propriamente marxista da discussão