Globalização neoliberal: da crise financeira à grande queda
Em Marx, a valorização do valor (da mais-valia) como objetivo central da produção capitalista resulta, do ponto de vista sistêmico, sempre em superacumulação, fundamentalmente superprodução de capital (e também de mercadorias) - capital compreendendo máquinas, equipamentos, instalações, matérias-primas e ativos financeiros. Em seu móvel de acumular por acumular, o capital jamais se interessa pelas “necessidades sociais” das massas trabalhadoras. Portanto, são utópicas as interpretações das crises como sendo de “subconsumo das massas” 2.
Além de superprodução e superacumulação, devemos insistir em que a desproporção entre os departamentos e a lei de tendência de queda da taxa de lucro são igualmente fenômenos expressivos da dinâmica da crise. Crises que, conforme Marx, em última instância tem como determinação originária o antagonismo irresoluto: apropriação cada vez mais privada X produção cada vez mais expansivamente social.
Inobstante, para Marx, a conseqüência decisiva do desenvolvimento capitalista converge para o que denomina de “moderno sistema de crédito”. Ou seja, na medida em que: (i) a concentração (e centralização|) de capitais; e, (ii) o moderno sistema de crédito são por ele considerados as principais “alavancas da acumulação capitalista”, ali localiza os pressupostos sobre o impulso à superacumulação de capital tendo por base a dinâmica permanente do capital financeiro (capital-dinheiro ou capital