O Brasil dos Viajantes
O livro "Brasil do Viajantes", de Ana Maria de Moraes Belluzo oferece ao leitor o ponto de vista europeu do "Novo Mundo", salientando mais do que a fauna e a flora brasileiras, demonstrando as diferentes representações e versões destas. Era como os viajantes europeus enxergavam o país, não necessariamente a representação da realidade.
A obra é imensamente ilustrada, um catálogo de imagens cuja produção está limitada entre o período da "descoberta"e o romantismo do séc XIX. É separada em três volumes, sendo este volume o primeiro, de subtítulo "Imaginário do Novo Mundo", tratando da construção dos sentidos europeus sobre o país.
As obras são em diversas técnicas e estilos, pinturas, gravuras, nanquin, aguadas etc. Relatam um mundo que a Europa não conhecia, sempre carregados de imaginação e idealizações. Não que fossem falsas representações, mas leituras imaginárias.
Os índios, na maioria das figuras, possuem traços europeus; alguns animais eram representados como monstros exóticos; há presença de animais não pertencentes à nossa fauna, como por exemplo leões, camelos e até mesmo elefantes; uma forma pictórica da visão do desconhecido, resultante dos primeiros contatos do estrangeiro nas terras do ocidente.
O homem europeu demonstrava um forte interesse por culturas desconhecidas. Os hábitos cotidianos dos índios são bastante representados, seus rituais, vestimentas, jóias. Algumas cenas possuem caráter extremamente poético, cenas teatrais, com idealização do corpo e comportamento dos índios.
A visão idealizada de paraíso é notada através das diversas paisagens como matas, cachoeiras, rios, ou ainda frutas exóticas desconhecidas na Europa, grandes portos e pequenos vilarejos. Foram produzidos diversos mapas que traziam em si a presença de índios, frutas e paisagens típicas.
O livro possui textos explicativos que, além de citar alguns dos principais artistas estrangeiros e sua trajetória pelo país, tentam construir uma