Texto para análise historiográfica
No decorrer de nossa história, os viajantes chegaram ao Brasil com interesses bastante diversos entre si – como, por exemplo, abrir casas comercias, fazer negócios, explorar riquezas, tentar fundar colônias, ou simplesmente descrever o país – e acabaram por construir uma ampla e variada interpretação do Brasil e seus relatos viriam a ser uma das principais fontes para a construção da memória nacional em um momento posterior .
No entanto, todos eles têm em comum o fato de, depois de haverem percorrido regiões desconhecidas, envoltas em mistérios, e distintas daquelas as quais estavam acostumados, deixaram relatos que serviram a uma série de objetivos, tais como: promover o desenvolvimento econômico do Brasil, levar o conhecimento de nossas terras ao exterior e aos próprios brasileiros – em um momento em que uma identidade nacional para o Brasil devia ser construída e ressaltada (BARBATO,2011. pp. 05-21) -, e mais, ajudar nossos dirigentes a transformar nosso país, isso em meados do século XIX.
Afinal, eles carregaram em seus relatos não somente as descrições daqueles lugares estranhos ou selvagens que percorriam, mas suas penas eram as representantes da civilização, seja ela europeia, ou as dos centros vistos como mais desenvolvidos do Brasil, de onde a maior parte desses viajantes partia. E é esse saber voltado à civilização, à instrução política e ao progresso que aqui nos interessa.
Desde o século XVIII, os relatos de viajantes vinham ganhando importância dentro do Império Português. A contratação do naturalista italiano Domingos Vandelli, dentro do contexto da reestruturação da Universidade de Coimbra realizada pelo Marquês de Pombal em 1772, é um marco nesse sentido, pois Vandelli via na exploração natureza uma importante fonte de desenvolvimento para o Estado (SCHIVANINATTO, 2003. pp. 603-608), e no bojo desse processo, os