O Atual Ensino da Ética para os Profissionais de Saúde e seus Reflexos no Cotidiano do Povo Brasileiro
Júlio César Meirelles Comes
1° Secretário do Conselho Federal de Medicina
O presente ensaio relativo ao estado atual do ensino da ética para os profissionais de saúde, em seu conjunto e os reflexos no cotidiano da sociedade é aberto com considerações sobre a origem da ética no cuidado ao semelhante. O autor discorre sobre a origem quase comum da medicina e ética à luz da história da sociedade humana.
Examina o estágio atual do ensino da ética nas escolas de medicina no país, chamando à reflexão elementos para uma reforma do ensino deontológico. Para tanto, analisa documentos e trabalhos relativos ao tema. Em seguida, enumera os objetivos imediatos da formação ética para o profissional de saúde, oferece os fundamentos éticos e legais além de um breve histórico da participação dos Conselhos de Medicina na divulgação da Ética Médica. Apresenta documentos de importância histórica relativos ao tema e discute o modelo ético ideal à luz dos interesses da sociedade.
Por fim, reitera a sua convicção de que a formação do médico, em especial, não pode prescindir da modelagem ética sem o que o mesmo se transforme em técnico operador de máquinas e repassador de drogas.
UNITERMOS - Ensino da ética, efeitos sociais adversos, reforma do ensino sobre ética.
1. Breve histórico da ética na medicina
No princípio, talvez no estágio pré-hominídeo, centro do processo evolutivo da humanidade, o primeiro cuidado de atenção com o semelhante ferido ou enfermo representou a promoção do preceito ético, mais primordial, na vida de relação, ou seja, a solidariedade, o cuidado beneficente intervivos e interpares revestido da forma singular de atenção à saude. Estava inaugurado o princípio da afeição, a relação subjetiva fora dos estreitos limites do indivíduo.
O princípio da solidariedade foi em sua origem de caráter instintivo e representava a segurança do grupo