O apelo de um semblante Outro dia observando o semblante entristecido de um dos meus alunos, fui remetida ao passado, de repente me vi na antiga sala de aula tão inóspita, com aquele permanente clima de tristeza, tão sem vida... Recordei-me da minha primeira professora: naquela época eu devia ter um pouco mais de cinco anos de idade, e por mais incrível que possa parecer, não consegui me recordar de nada agradável ou feliz, nada capaz de fazer-me sentir saudades e pior, não consegui me recordar de nenhum gesto de afeto daquela professora, aparentemente ríspida, envelhecida e cansada. Para ser sincera, agora que comecei a puxar o fio da meada, me recordei de algumas cantigas e brincadeiras de roda, mas, sempre no pátio e distantes dessa professora. A escola se localizava num bairro da Zona Norte da Cidade de São Paulo, era uma escola multisseriada - dessas com uma única professora para crianças de várias séries. Nela havia uma mesa enorme que era subdividida em “ilhas” (conforme a série de cada criança). No período da manhã, que foi justamente o que eu freqüentei nesse “educandário”: - Esse era o nome agora me recordei... Funcionavam a pré-escola, primeira e segundas séries primárias, todas juntas numa espécie de “combo”. A lembrança mais marcante que ficou gravada na minha memória com certeza, foi o rigor com que todos nós éramos cobrados, sentíamos medo, angústia e a resposta era sempre a mesma: apatia, tristeza e silêncio. Quando tentávamos “transgredir” as tão peculiares regras de convívio em situações como: retirar um brinquedo da mala ou dispersar a atenção das atividades propostas com travessuras infantis: éramos repreendidos. Perdi a conta de quantas reguadas levei nas pernas por sorrir ou conversar. Também não me recordo de ter usado naquela fase da minha infância: lápis coloridos, tintas, tesoura ou recortes. Lembro-me somente das tentativas frustradas daquela professora ao tentar alfabetizar-me com o auxílio da Cartilha Caminho Suave. Da