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História Antiga I:
Texto I:
Finley, M. I. “O mundo de Ulisses” Lisboa: Presença, 1998
Riqueza e trabalho
O mundo de Ulisses era pequeno em população, a extensão demográfica e cada comunidade não ultrapassavam quatro algarismos, portanto o número adiantado nos poemas quer se trate de navios, de bandos de escravos ou de nobres, são imaginários e pecam sempre por exagero. Ulisses é apresentado como o rei dos Cefalônios, que habitam três ilhas; Cefalônia, Ítaca e Zacinto, mas é com Ítaca que ele é sempre relacionado de maneira direta, e onde pode ser principalmente estudado.
A população da ilha era dominada por um grupo de famílias nobres, cujos alguns membros fizeram parte da expedição contra Tróia. Ulisses ao partir confiou a sua jovem esposa Penélope e seu recém-nascido filho Telémaco a Mentor. No mundo grego nesta época muitos reis se encontravam em guerras, e muitos já regressavam de Tróia, mas Ulisses por ter ofendido Poseidon ainda teria de vagar dez anos pelos mares até poder regressar a Ítaca com a ajuda de Atena. Quando todos acreditavam na morte de
Ulisses muitos nobres começaram a cortejar Penélope, e se aproveitavam da riqueza de
Ulisses até que quando ele consegue retornar e disfarçado reestabelece seu poder.
Durante o tempo que esteve perdido Ulisses enfrentou lutas com feiticeiros, gigantes e ninfas, mas não se encontra traço disso na história de Ítaca, onde a sociedade é totalmente humana, e no pensamento do poeta é evidente que na luta pelo poder apenas os aristocratas desempenhavam seu papel. Uma profunda clivagem marcava os poemas homéricos, onde os aristoi eram os nobres que possuíam riquezas, e abaixo a grande multidão, mostrando que o que os separava era muito, uma diferença impossível de ser tirada, tanto pelo fato da própria economia e a tradição que descartavam a possibilidade de formação de novas riquezas. Nos poemas também é difícil distinguir uma diferença entre os trabalhadores livres e os escravos.
A maior parcela de