D.joão v- memorial
No Memorial do Convento existem poucas personagens que formam dois grupos opostos: A aristocracia e o alto clero representam o grupo do poder, enquanto o povo e os oprimidos, que representam o grupo do contrapoder. Os primeiros são caracterizados pela falsidade, ridículo, ostentação e indiferença pelo sofrimento humano ou crueldade mal disfarçada de religiosidade. Os segundos são os heróis esquecidos pela História.
O rei vigente de Portugal, vive apenas de formalidades encenadas, sem qualquer espontaneidade ou emoção. Representa o absolutismo e a consequente repressão no povo miserável. Assim, a faceta de Déspota Esclarecido (Despotismo é uma forma de governo em que o poder se encontra nas mãos de apenas um governante) é revelada quando este, ao desejar ser lembrado por uma obra magnificente tal como o Rei-Sol, manda construir um enorme palácio e um convento de Mafra para franciscanos,(frades) com o pretexto de cumprir a promessa que fez ao clero -influência que justifica e "santifica" o seu poder - para garantir a sucessão ao trono. E também por isso, tem o desejo de progresso e inovação, pelo que protege projetos como, inicialmente, o da passarola (primeira aeronave conhecida no mundo que efetuou um voo). Pela mesma razão contrata Domenico Scarlatti (grande músico) como professor de música da infanta Maria Bárbara, (Filha do rei) de modo a mostrar o seu apreço pelas artes.
A sua obsessão pela magnanimidade é tal, que até tem como passatempo a construção da réplica da Basílica de São Pedro de Roma.
As suas atitudes revelam então que é vaidoso, egocêntrico, megalómano e que governa consoante os seus desejos e sonhos, em que os meios justificam o fim, desprezando assim a miséria dos pobres e sacrificando o povo e a riqueza do país em nome da concretização do seu sonho maior.
Em controvérsia, revelou alguns actos de perdulária ostentação( misericórdia), quando lançou moedas de ouro ao povo durante os cortejos reais.
Compactua com a Inquisição,