D. Catarina de Bragança
Uma armada de vinte navios, comandada pelo conde de Sandwich, saiu de Lisboa, no meio de grandes festejos de despedida no rio Tejo. A infanta D. Catarina de Bragança embarcou no Royal Charles, que rumou a Portsmouth e onde chegou a 25 de Maio. O rei não a foi esperar, devido a qualquer assunto urgente de Estado ou para satisfazer o capricho da favorita, ciumenta com a proximidade do casamento. Receberam Catarina de Bragança o conde de Manchester e vários outros representantes do monarca. A infanta portuguesa ficou hospedada em King’s House, residência do governador da cidade. Porém, uma infeção na garganta vai retê-la no leito. Nessa altura alguém da corte, talvez o médico, sugeriu dar-lhe a beber um copo de cerveja, bebida já vulgar em Inglaterra. D. Catarina de Bragança, com a garganta a arder e com muita febre pediu em espanhol, uma chávena de chá, o que deve ter provocado uma enorme perturbação entre os presentes, pois o chá não era bebida conhecida na corte. O chá, hoje a bebida oficial do Reino Unido, foi, como sabemos, introduzida por esta nossa rainha na corte inglesa, já vamos saber como e quando. O atencioso marido foi visitá-la, ainda convalescente, tendo o casamento tido lugar em 31 de Maio de 1662. O enlace foi uma cerimónia privada pelo rito católico e depois, para os convidados, pelo rito da Igreja Anglicana, como estava estipulado no contrato de casamento. Embora alguns escritores e cronistas ingleses, da época, se referissem à fealdade de Catarina, isso não passou de intriga e pura maledicência, pois Carlos II, que sabia apreciar o belo sexo e que recusara outras princesas europeias, nomeadamente duas de Parma, uma por ser como disse «demasiado feia e a irmã por ser demasiado gorda», também dizia: «detesto as alemãs e as princesas de países frios». D. Catarina, estava precisamente no meio. Era oriunda de um país temperado, morena, jovem e relativamente bonita de cara. Em carta a Clarendon, Carlos