AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E ÉTICA
Cipriano Carlos Luckesi
Estamos iniciando um novo ano letivo. Vale a pena olhar um pouco para o passado, assim como para o presente e para o futuro. Findando o ano letivo de 2004, estive observando testes e provas utilizados como recursos para a obtenção de dados para a avaliação do desempenho dos nossos educandos e deparei-me com algumas incongruências sutis, que vale a pena tomarmos consciência, quando iniciamos uma nova jornada de um novo ano de ensino e aprendizagem em nossas escolas.
O presente texto tem a ver com os instrumentos de coleta de dados sobre o desempenho de aprendizagens dos estudantes em nossas escolas. Muitas vezes, os instrumentos revelam que professores e professoras parecem desejar coletar dados sobre um determinado conteúdo, porém introduzem um conteúdo estranho no meio de uma questão, o que dificulta a compreensão do educando, conduzindo-o, assim, a uma resposta inadequada; ou ainda, por vezes, questões são produzidas de forma complexa, porém tomadas como se fossem simples.
Neste contexto, cabe a pergunta: “Será que nossos instrumentos de coleta de dados para a avaliação têm tido o objetivo de detectar a aprendizagem de um determinado conteúdo (informações, procedimentos e atitudes) por parte do educando ou têm tido o objetivo de detectar a capacidade do educando de desvendar enigmas?” São duas habilidades completamente diferentes.
Já que o título deste texto é “Ética e avaliação da aprendizagem”, podemos, então, estar nos perguntando: “O que é que instrumentos de coleta de dados para a avaliação da aprendizagem têm a ver com ética?” Por enquanto, basta permanecer com a pergunta. Vamos, ainda que sinteticamente, aos detalhes, e, em seguida, poderemos vislumbrar o que isso tem a ver com ética.
Vejamos o exemplo de uma questão que expressa a primeira modalidade de desvio acima indicado: perguntar uma coisa, introduzindo outra pelo meio. Vou indicar somente uma ou outra questão que possa servir de