A última tragédia
A trama gira em torno de três personagens que podem ser entendidas como representações coletivas: Ndani, o régulo Bsum Nanki e um Professor, cujo nome não nos é informado.
Através da personagem Ndani, o narrador apresenta-nos um panorama de como era o convívio entre africanos e europeus ainda no período colonial. A jovem parte de Biombo para Bissau, a fim de livrar-se dos infortúnios preconizados por um djambakus (curandeiro, feiticeiro), que dizia ser ela portadora de um mau espírito, o que faria com que sua vida fosse marcada por turbulências, desgraças e tragédias. Quando Ndani chega à capital, consegue emprego na casa de um casal português, após passar por diversas humilhações e ouvir muitos nãos quando interpelava: “Senhora, quer criado?”. Lá, ela vivenciara a relação tensa entre colonizado e colonizador e a exploração sexual, da qual muitas mulheres foram vítimas. Após ser inserida na cultura e na religião européia, Ndani é tomada como mulher pelo régulo Bsum Nanki, residente em Quinhamel e, mais uma vez, tem de se entregar a um homem sem nutrir por ele nenhum sentimento afetivo. Nesse ínterim, Ndani conhece o Professor, por quem se apaixona intensamente. Ele, que fora para Quinhamel a fim de lecionar na escola criada pelo régulo para os moradores da cidade, também não resiste ao amor que sente por Ndani. É em função das desventuras de Ndani, enquanto colonizada, mulher subserviente, cujo lugar social é definido em função de uma figura masculina, e enquanto jovem predestinada a uma vida de desgraças, que surge o título do romance. A personagem, que incorpora vários elementos representativos das minorias, ainda é capaz de lutar para viver o seu grande amor.
O fato de tal personagem poder ser entendida como representação da mulher guineense no período colonial e de ganhar voz