A V Fontes
Virgínia Fontes*
Resumo:
O trabalho se baseia na análise da seção V do Livro III de O Capital, apontando para sua contribuição para a compreensão da dinâmica do imperialismo, forma do capitalismo contemporâneo. Trata-se de compreender o que significa a conversão de massas crescentes de excedentes em capital monetário, o qual, ao se autonomizar, apresenta-se como o terreno da pura propriedade, contraposto a uma existência social da qual aparentemente se distancia. O capital monetário não se confunde com o capital bancário, embora esteja estreitamente associado a ele.
Apesar de apresentar-se como isolada do processo produtivo, a autonomização atual do capital monetário expande de forma exponencial o processo de expropriação social, base da produção do trabalho "livre" e, portanto, condição para a extração de mais-valia. O capital monetário dirige e impulsiona a extração de mais-valor, expandindo o capital funcionante (capital extrator de mais-valia), quer este seja ou não proprietário do conjunto dos meios de produção. Apesar das diferenças reais entre capital monetário e capital funcionante,para Marx estes constituem momentos do capital e não segmentos separados e contraditórios. Ao contrário, o conjunto das formas do capital e suas diferenciações impulsionam e aprofundam as expropriações e, portanto, a possibilidade da extração de mais-valor, através de uma extensíssima socialização do processo de produção social, e da própria socialização do capital. Ao mesmo tempo, o predomínio do capital monetário promove a mais potencializada forma de fetichização, expressa na própria mercantilização do próprio capital.
O artigo discute, ainda, a estreita relação entre capital monetário e ideologia, através da suposição contemporânea do predomínio do trabalho intelectual e do "fim do trabalho”; apresenta a conjugação de todas as formas de extração de sobretrabalho ilícitas