A violência estrutural
Natália Kelle Dias Almeida∗
Maria Thereza Ávila Dantas Coelho∗∗
Resumo
O presente artigo trata a problemática da violência estrutural que atinge, principalmente, sujeitos que vivem a exclusão social e que se encontram inábeis frente ao desamparo. Coloca em foco de análise os presidiários, que se encontram nesta situação de encarceramento muitas vezes por conseqüência da “exclusão” e são, novamente, vitimizados pela violência estrutural configurada na organização social dos presídios. A partir de uma revisão dos estudos sobre o sofrimento que acomete os presidiários pela privação do poder de construção de novas perspectivas de vida, conclui-se que é imprescindível pensar a construção de políticas públicas de atenção à saúde para a população carcerária, que possibilitem novas perspectivas de vida aos apenados.
Palavras-chaves: Violência estrutural, desamparo, presidiários, saúde mental. Introdução
O estudo de questões relativas à violência e à criminalidade, no Brasil, tem sido marcado pelas reflexões acerca da exclusão social e das relações sociais. Em nosso cotidiano, a violência se manifesta de inúmeras formas e, em alguns casos, não causa reação de perplexidade nas pessoas, mas, sim, de conformidade. A exclusão social dos indivíduos é uma das manifestações mais violentas de nossa sociedade, uma vez que produz
a carência de qualquer horizonte de perspectivas e uma “privação de poder de ação e representação” (Wanderley, 1999).
Ao tomarmos como foco de atenção os indivíduos confinados em presídios, realizamos uma ampliação do tema e dos problemas sociais mencionados acima. As prisões brasileiras funcionam como mecanismos de oficialização da exclusão, que paira sobre os detentos (Tavares e Menandro, 2004). Dizemos isso não só considerando o estado de precariedade atual das prisões, mas também o estado de precariedade em que se encontram os indivíduos antes do encarceramento, em sua maioria provenientes de grupos marcados pela violência