A urbanização brasileira de milton santos
Os assuntos sobre urbanização e urbanismo no Brasil eram pouco estudados nos anos 50 e 60. Acreditava-se que não havia existido uma política para orientação da formação do sistema urbano colonial. A partir da utilização de desenhos, pôde-se compreender e acompanhar melhor as várias etapas desse processo.
Os projetos urbanísticos existiram a partir da fundação de Salvador em 1549. A cidade foi construída em terreno elevado sobre a praia. Era ainda um centro urbano modesto, com população muito limitada. O esquema de construção das vilas e cidades no alto de colinas era prática comum na época. O principal objetivo do urbanismo nessa fase era a organização do sistema defensivo.
Quando as Coroas de Portugal e Espanha foram unificadas em 1580-1640, no Brasil passaram a ser aplicadas as normas urbanísticas de Felipe II. As diretrizes urbanísticas implantadas eram uma forma de simplificação que representava um esforço de estabelecimento de uma disciplina para a população colonial. A cidade de São Luiz do Maranhão, por exemplo, apresentava um traçado em xadrez.
A união com a coroa de Espanha trouxe para Portugal uma situação de conflito com os holandeses que em 1624 atacaram e ocuparam a cidade de Salvador, por um ano. Em 1630, os holandeses ocuparam Recife e Olinda e terminaram por dominar todo o nordeste e a costa norte, entre Sergipe e Maranhão. Eles desenvolveram um trabalho de registro cartográfico de toda a região e levantamento das povoações. Os planos para o Recife foram apenas em pequena parte executados, mas constituem um exemplo da qualidade técnica das obras urbanísticas que os holandeses pretendiam desenvolver.
A partir da Restauração portuguesa, as primeiras vilas, fundadas em terrenos mais acidentados, tendiam a apresentar traçados de grandes irregularidades e isso levou muitos autores a acreditar que não houvesse projetos