A Transformação do Sofrimento em Adoecimento 1
BRANT, Luiz Carlos e MINAYO-GOMES,Carlos http://www.interfaz.com.br/transfsofrimento.htm 1. Introdução:
No mundo atual há uma tendência de banir o sofrimento do mundo do trabalho, desconsiderando-o como fator contingente à produção; dar visibilidade à esse processo de transformação do sofrimento em adoecimento, no con- texto organizacional, explicita a existência de situações políticas ( dominação e resistência ), de gozo ( mescla de prazer e dor ) e econômicas ( prescrição e consumo abusi- vo de medicamentos ).
No interior das organizações a tristeza é nomeada como depressão e o medo como paranóia; o adoecimento discri- mina, estigmatiza, exclui e abre espaço para a medicalica- lização e prescrição indiscriminada de ansiolíticos e anti- depressivos. 2. Sofrimento, sujeito e dor:
O sofrimento para uma pessoa não tem o mesmo signifi- cado que tem para outra, mesmo quando submetidos às mesmas condições; nele é possível mesclar prazer e dor simultaneamente. O sofrimento depende da significação que assume no tempo e espaço, bem como no corpo que ele toca produzindo algo “além do princípio do prazer”.
O homem sofre porque percebe sua finitude; isso traz ao sofrimento uma dimensão existencial,além da psicológica.
O indivíduo é produto da linguagem, do desejo e do côn- junto de dispositivos que estão presentes no seu espaço institucional; através dela aprendeu a manifestar, sentir e a nomear experiências como angústia, dor, prazer ou sa- tisfação. O modo como utiliza essa linguagem define seus atos ( submissão, desobediência e contestação ) em relação aos outros.
Para Freud, sofrimento é um estado de expectativa frente ao perigo e preparação para ele,ainda que desconhecido
( angustia ), ou medo quando conhecido ou susto quando se depara com o perigo sem estar preparado para enfrentá-lo.
Sujeito: efeito das práticas lingüísticas; é aquilo que a lin- guagem permite ser, acredita naquilo que ela permite acreditar ( o outro