A tese de unidade de método entre as ciências na filosofia de karl popper
No presente capítulo, discutiremos, inicialmente, a tese da unidade de método defendida por Karl Popper e, também, apontaremos como este pensador distanciou-se, devido a seus posicionamentos teóricos, não só do monismo positivista de Auguste Comte, mas, ainda, do dualismo metodológico de Dilthey, ao propor a tese que unifica os métodos das Ciências Naturais e Sociais. Ao final, trataremos das bases lógicas sobre as quais se assentam o conjunto dos procedimentos metodológicos ensejados por este importante filósofo da ciência.
1. A DISTINÇÃO ENTRE O MONISMO METODOLOGICO DE POPPER E O DE COMTE
Ainda que admita que existem diferenças entre as Ciências Naturais e as Ciências Sociais, o filósofo austríaco Karl Popper (1980)[1], defende a existência de unidade de método entre aqueles dois campos de conhecimento (Ciências Sociais e Naturais).
Neste sentido, Popper afirma que não pretende defender a inexistência de diferenças entre as ciências relativas à natureza e à sociedade, pois tais diferenças:
“(...) são claras e se manifestam até mesmo entre as diferentes ciências naturais, bem como entre as diferentes ciências sociais. (Comparemos, p. ex., a análise de mercados competitivos e de línguas românticas.) Concordo, porém, com Mill e Comte – e com muitos outros autores, entre os quais C. Menger – em que os métodos usados nos dois campos são fundamentalmente o mesmo (embora possa divergir desses autores quanto àquilo que deva ser considerado método). Os métodos consistem sempre em oferecer explicações causais dedutivas e em submetê-las a testes (por meio de previsões). (...)” (POPPER, 1980, p. 102).
Assim, Popper considera que apesar das diferenças existentes entre as ciências naturais e sociais é possível se utilizar o mesmo procedimento metodológico nesses dois campos do conhecimento.
Auguste Comte ao pretender fundar como