A Simbolização e o Sacramento
A conceituação de algo, uma ação, um objeto, um fenômeno, depende da linguagem. Assim como a simbolização, a linguagem é também algo específico dos homens, e é na linguagem que o filósofo Martin Heidegger vai encontrar a forma de interpretar o homem enquanto partícipe deste mundo. O mesmo afirma “A linguagem é a casa do ser. É nessa morada que habita o homem”.
Simbolizar, portanto, é a compreensão de símbolos e linguagens, é o processo de inter-relacionar a apreensão do espaço em que o ser se inclui, externalizando o objeto e o espaço, baseando-nos agora nos estudos de Piaget.
A partir do momento em que percebemos a existência de um objeto ou fenômeno, mas não só o percebemos, como também conseguimos compreendê-lo e externalizá-lo, podemos atribuir à ele um certo valor, um sentimento especial à ele que não damos a outros objetos e fenômenos. Trata-se do sacramento, que se dá quando carregamos algo de validade simbólica e os consideramos privilegiado do encontro com o divino.
Podemos utilizar como exemplo o texto “O Sacramento da Caneca”, de Leonardo Boff, em que uma família conserva consigo uma velha caneca “de cabo roto”. A caneca, como coisa, como o objeto que é, não possui nada de especial. Trata-se de uma caneca de alumínio, velha; porém apesar de antiga, é brilhante e encontra-se em bom estado de conservação. A