Teologia liturgica
A COMPREENSÃO DA TEOLOGIA LITÚRGICA EM SI MESMA.
01 ) RELAÇÃO ENTRE TEOLOGIA E LITURGIA (A LITURGIA COMO LOCUS THEOLOGICUS) - UM POUCO DE HISTÓRIA[1]
A liturgia no termo e no seu significado parece distinguir-se nitidamente da teologia. A primeira está no plano da ação (leitourgia = ação feita para o povo) e a segunda reside total e exclusivamente no aspecto do pensar/falar com/ de Deus (teo logia). A liturgia é por todos conhecida como "Locus Theologicus" de valor primordial não só quando se apresenta como o principal instrumento da Tradição da Igreja, mais ainda porque contém na sua "idéia teológica uma idéia força" que ininterruptamente reaviva e fortifica a fé do povo cristão. Desde a antigüidade pré cristã até o séc. IV – V da era cristã, fica bem claro que existe uma teologia que se acha em estreita relação com o culto, ou no sentido de que o culto da divindade e as suas manifestações formam o seu objeto, ou no sentido de que o culto constitui ambiente e ocasião para teologia. Num e noutro casos a celebração ritual constitui modo típico de fazer teologia, e isso pela razão evidente de que a celebração sagrada, por sua natureza, sempre supõe alguma referência à divindade e, com isso, propicia oportunidade para fazer teologia. Liturgia na religião revelada nada mais é do que a celebração de um evento salvífico divino, e, como tal, ela é sempre, pelo seu conteúdo, palavra de Deus, e, pela sua forma, falar de Deus, ainda que não o faça com linguagem científica mas com a linguagem simbólica própria da ação ritual. O poder teo-dialógico faz da celebração autêntica liturgia e garante a sua incidência espiritual sobre o homem. No Judaísmo, com o ordenamento levítico do culto, sobressai-se a ritualidade da ação cultual, desaparecendo o enfoque no evento salvífico divino. Isso só é recuperado com os profetas, após o