A ÉTICA PROTESTANTE E A IDEOLOGIA DO ATRASO BRASILEIRO - Jessé Souza
O esforço de Werneck Vianna me estimulou a tentar uma empreitada complementar à sua, ou seja, ao invés de uma análise imanente aos textos e aos autores, procurarei enfatizar os pressupostos teóricos destas análises. Como veremos adiante, esta literatura pressupõe a aceitação sem restrições do diagnóstico weberiano acerca do desenvolvimento ocidental. Assim, o que é atrasado ou avançado ou, em outras palavras, o que é tradicional ou moderno está implícito nestas análises como uma referência absoluta. O que é perdido neste processo é a real dimensão da noção de ambigüidade cultural. Esta noção, fundamental para qualquer ciência da cultura, percebe qualquer escolha cultural contingente como envolvendo simultaneamente perdas e danos. Nesta empreitada, procurarei me valer de ambigüidades da própria análise weberiana sobre o desenvolvimento peculiar do Ocidente.
Concordo com a tese de Werneck Vianna de que Weber foi usado para explicar o atraso da sociedade brasileira. O mesmo poderia ser dito, certamente, de Karl Marx. Nesse sentido, estes dois autores foram utilizados para ajudar a identificar os obstáculos que nos impedem de ser modernos. Dado o