A sala de aula como espaço dialógico
A escola deve ser capaz de colocar em prática as habilidades de leitura/escrita dos alunos, tornando-os capazes de assumirem, portanto, seu papel de leitores/autores. Porém, isso não se consegue do dia para a noite. É na prática constante e disciplinada do ato de leitura/escrita que será gerado um produtor de textos eficiente da língua. Ao professor cabe a tarefa de seduzir os estudantes e conduzi-los pelo universo da leitura/escrita com sensibilidade e perseverança. Ao professor cabe, ainda, a autorreflexão e questionamentos constantes acerca de suas práticas, na busca por caminhos que atinjam o objetivo que todos os cidadãos podem e devem alcançar: ler e escrever com proficiência e autonomia.
Em uma sala de aula, o professor lida com estudantes que possuem conhecimentos diferentes sobre a leitura e a escrita, independentemente de manterem semelhanças quanto à idade ou ao ano escolar. Essa diversidade é uma realidade que força o professor a escolher situações didáticas que conciliem os conteúdos específicos das áreas com aqueles que ampliam a formação também no campo da leitura e da escrita. Um trabalho apropriado para esse fim são os projetos interdisciplinares, pois favorecem o conhecimento de uma maneira articulada e interacional entre os vários discursos, entendidos como diálogos entre leitor, texto, autor e contexto de produção do texto e da leitura. Segundo Orlandi: “A Análise do Discurso reconhece a dispersão das disciplinas como uma necessidade que se sustenta na própria relação do conhecimento com a linguagem (com o discurso), sendo esta sempre sujeita à interpretação. O que significa afirmar a abertura do simbólico nessa relação com a dispersão do saber em seus diferentes discursos.”
Os elementos de análise do discurso devem permear os projetos interdisciplinares, analisando os textos sob dois olhares: de um lado sendo capaz de compreender os mecanismos semânticos e sintáxicos responsáveis