A Saga de Um Rei
No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é.
Eduardo Viveiros de Castro.
Este trabalho é baseado no artigo de Antonio Ximenes, A Saga de um Rei, no qual retrata a história da tribo Yawalapiti, no Alto Xingu, a partir da figura de seu chefe, o cacique Aritana.1 Hoje, aos 63 anos e presidente do Instituto de Pesquisas Etno Ambiental do Xingu, através do qual busca promover a integração das comunidades do Alto Xingu com ações culturais e projetos de sustentabilidade. Falante de dez idiomas, inclusive da língua portuguesa, recebeu o título de Cacique de seu pai, seguindo a tradição indígena, no qual o primogênito prepara-se, como descendente de Mavutsinim, o primeiro homem, para ser o líder. Os Yawalapiti foram estudados pela primeira vez no século XIX pelo alemão Karl Von den Steinen, pesquisador da Universidade de Berlim, que como muitos outros na época, empreendeu uma excursão científica pela Amazônia. Quando criança, na década de 50, Aritana conheceu os irmãos Cláudio e Orlando Villas-Boas, sertanistas, com os quais teve a oportunidade de aprender sobre a importância da preservação da cultura indígena. Por isso mesmo, um dos trabalhos do cacique Aritana foi a promoção da congregação dos Yawalapiti, ameaçados pelo consumismo da sociedade moderna, que tem levado à evasão de jovens das aldeias, em migrações para os grandes centros urbanos, relegando suas raízes ao esquecimento, em detrimento do conforto. Os Yawalapiti são um grupo da família Aruaque e hoje são em torno de trezentos e cinquenta membros, distribuídos em duas aldeias circulares, sendo que uma delas possui um sistema de pátio central, casa de flautas e quatorze casas onde uma é secundária; uma aldeia principal onde vivem os Yawalapiti que ocupam quatro casas. O ano de 1887, marca a decadência da tribo, afetada pela morte do então chefe Moritona (Aritana), descendente do primeiro Putaki Wikiti.2 De acordo com os próprios Yawalapiti, essa desagregação vai levar às