A Riqueza das Nações - Capítulo 1
Se considerarmos como há a operação do trabalho em algumas manufaturas poderemos notar que a divisão do trabalho parece resultar num aperfeiçoamento das forças produtivas. Não é nas pequenas manufaturas que há um maior grau de divisão do trabalho, nessas manufaturas tem pouca gente, reunidas talvez num lugar apenas, em que toda a produção é observada por todos, mas sim nas grandes manufaturas em que os diferentes setores são tão grandes que cada um deles se abriga num local. Peguemos o exemplo de um jovem que não tem familiaridade com a produção de alfinetes, este, tentando com esforço, pode produzir vinte alfinetes num dia. Se formos numa manufatura em que cada um faz dois ou três trabalhos, estando eles em dez, podem chegar a fazer 48mil alfinetes num dia, ou seja, cada uma 4800 alfinetes. E assim acontece mesmo em produções mais complexas, em que o trabalho não pode ser muito subdivido. A divisão parece ter ocorrido pela força produtiva que ela traz. Essa diferenciação, em que o trabalho de uma pessoa, em uma sociedade primitiva, se torna o trabalho de muitas, em uma sociedade mais evoluída. Por exemplo, as atividades que faz o arador, gradador, semeador, coletor, acontecem em estações diferentes, por isso não há como empregar uma pessoa para fazer cada um desses serviços – a natureza da agricultura não comporta tantas subdivisões, como nas manufaturas de linho e lã, em que há cultivadores, branqueadores, polidores, tingidores, preparadores de tecido etc. Isso pode explicar o fato de que o aprimoramento das forças de trabalho na agricultura não acompanha o aprimoramento das manufaturas.
As nações mais opulentas geralmente superam as outras tanto na agricultura quanto nas manufaturas, e, na agricultura, isso parece não decorrer além do investimento de dinheiro e trabalho nela; mas estas nações se destacam mesmo pela superioridade na manufatura; os países pobres podem até competir com os países ricos na agricultura, como se vê a