A reprodução - bourdieu e passeron
No prefácio de “A reprodução”, Bourdieu e Passeron discorrem sobre a ação pedagógica e afirmam que todos os capítulos do livro apontam para um mesmo princípio: o "das relações entre o sistema de ensino e a estrutura das relações entre as classes", que orienta um conjunto de reflexões sobre a escola. A obra está dividida em Livro I e Livro II, porém existe uma forte associação entre eles já que o Livro I foi organizado de acordo com os resultados das pesquisas apresentadas no Livro II. No Livro I, eles apresentam a sua teoria de que a partir de sua formação inicial em um ambiente social e familiar, os alunos, assim como todos os indivíduos, incorporam um conjunto de disposições para uma ação típica (um habitus familiar ou de classe) e que passam a acompanhá-los ao longo do tempo e nos mais variados ambientes de ação. O habitus tende, portanto, a orientar as ações e relações dos indivíduos e a garantir a reprodução dessas mesmas relações que o compõem, e o campo educacional é um dos principais veículos onde se dá a legitimação e imposição do capital cultural da classe dominante e de seu habitus. Bourdieu e Passeron partem do pensamento de que nenhuma cultura pode ser objetivamente definida como superior a nenhuma outra, e que os valores e os comportamentos de cada sociedade são arbitrários, não estando justificados em nenhuma razão realmente objetiva. Apesar de arbitrários, esses valores são vividos como os únicos possíveis ou, pelo menos, como os únicos legítimos. Para os autores, o mesmo ocorre no caso da escola. Apesar de arbitrária, a cultura escolar é socialmente reconhecida como a cultura legítima, como a única realmente válida. A transformação de um arbitrário cultural em cultura legítima só pode ser compreendida quando se considera a relação entre os vários arbitrários em disputa em uma determinada sociedade e as relações de força entre os grupos ou classes sociais da