Resenha do livro "a reprodução" de pierre bourdieu
Livro I
Fundamentos de uma teoria da violência simbólica
Bourdieu e Passeron iniciam este livro postulando o conceito de violência simbólica como axioma na interpretação dos fenômenos ligados não só ao ensino, mas ao conhecimento sociológico como um todo. A violência simbólica é vista pelos autores como “todo poder que chega a impor significações e a impo-las como legítimas, dissimulando as relações de força que estão na base de sua força” (1970, p.19). Em seguida eles dividem esta primeira parte do livro em quatro tópicos: Do duplo arbitrário da ação pedagógica; Da autoridade pedagógica; Do trabalho pedagógico e Do sistema de ensino. Todo o livro está permeado pelos conceitos que Pierre Bourdieu trabalha em sua obra como um todo, como a noção de habitus, capital e campo utilizados para definir o nível de domínio no qual a educação opera. O principal conceito do autor utilizado neste livro é o de violência simbólica. Este conceito é de fundamental importância para uma análise das relações pedagógicas conforme postulada pelos autores.
Para os autores “toda a ação pedagógica é objetivamente uma violência simbólica”, pois é imposta a partir de um poder arbitrário, um arbitrário cultural imposto pelas classes dominantes as classes dominadas. Todas as relações sociais são permeadas por relações de força e de sentido entre grupos ou classes. Nesse sentido a AP (ação pedagógica) escolar reproduz a cultura dominante e conseqüentemente as estruturas de dominação entre classes sociais. Ela é duplamente arbitrária, pois ao mesmo tempo que depende das relações de força entre as classes constitutivas da formação social que estão na base do poder é também autônoma para impor, inculcar e selecionar as significações consideradas importantes para serem reproduzidas.
Passeron e Bourdieu eram professores na École des hautes études en sciences sociales na