A reinvenção da sociedade primitiva resenha
A permanência do mito da sociedade primitiva no mundo contemporâneo KUPER, Adam
A reinvenção da sociedade primitiva: transformações de um mito.
Recife: UFPE, 2008.
POR
Jéssica Hiroko de Oliveira1
T
ratando-se de uma edição revista de The invention of the primitive society, o livro A reinvenção da sociedade primitiva: transformações de um mito busca traçar um histórico das teorias e discursos que, com base nas idéias de povos primitivos, sustentaram-se subseqüentemente, concomitante ao próprio desenvolvimento da antropologia como ciência, na segunda metade do século XIX.
Já o título sugere as mudanças e continuidades das reflexões de Adam Kuper acerca do tema. O autor acrescenta à primeira edição estudos sobre a influência darwiniana no período vitoriano, a fim de melhor delinear as transformações históricas da concepção de sociedade primitiva. Esta, agora descrita pelo autor como um mito, que longe de extinguir-se, renasce com novos atores, facetas e ideários políticos que resultam em novas problematizações discutidas em um novo capítulo. Estudante do Curso de Especialização em Ensino de Sociologia da Universidade Estadual de
Londrina
1
300 •
Mediações
• v. 14,
n.1, p.
300-305,
Jan/Jun.
2009
Recebida em 16 de abril de 2009.
Aceita
em 29 de maio de 2009.
Na primeira parte de seu livro, tendo como base textos clássicos da
Antropologia do Direito e de História Antiga, o autor lembra que os estudos pioneiros referentes à sociedade primitiva foram escritos por juristas. Esta primeira geração, de Henry Maine a Lewis Henry Morgan, iniciou a pesquisa das problemáticas como desenvolvimento do matrimonio e da família, da propriedade privada e do Estado, temas tradicionalmente de domínio dos estudiosos do
Direito. Kuper assinala que com o tempo, o tema saiu do domínio dos juristas e, paralelamente à profissionalização da Antropologia, ganhou terreno incluindo idéias sobre as origens e a evolução humana, explicações acerca do estado inicial da religião e da