Resenha sobre kuper, adam. lewis henry morgan e a sociedade antiga. in: a reinvenção da sociedade primitiva
KUPER, Adam. Lewis Henry Morgan e a Sociedade Antiga. In: A reinvenção da sociedade primitiva. (Tradução Simone Miziara Frangella) Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2008.
As sociedades primitivas (ou povos primitivos) são resultados da imaginação ocidental e as ideias criadas a partir desse conceito nos ajudam a pensar na nossa própria sociedade. O primitivo, o bárbaro, o selvagem são os nossos “opostos”. Sendo assim eles nos definiriam através desse conceito dual. Podemos traçar através desta afirmação uma conexão ou intertextualidade clara entre Said e Kuper, onde adentramos no capítulo de Lewis Henry Morgan e a Sociedade Antiga e observamos a tentativa do segundo em elucidar alguns temas recorrentes ao discurso criado pelos trabalhos antropológicos que se dizem sobre as “sociedades primitivas”. Ao descrever os estudos realizados por antropólogos como Lewis, Kuper discute a(s) ideia(s) que o ocidente construiu sobre o “primitivo”, sobre esses homens e mulheres estudados em regiões “distantes”, de modos de vida diferentes e que tiveram suas terras ocupadas por países europeus.
Ele comenta os métodos usados pelos antropólogos e a sua tentativa de adaptar o estudo às prenoções de seu contexto histórico, como por exemplo adaptar a teoria evolucionista (e biológica) de Darwin à preceitos notoriamente teológicos para explicar a origem e a evolução das sociedades humanas.
Apoiados na etnologia e teologia esses antropólogos tentaram postular que Deus teria criado a humanidade composta de espécies distintas cada uma com um destino em particular que evoluíram a partir de uma origem comum. E a partir disso adentraram na discussão da mutabilidade e estado (fixo ou móvel) das espécies. Acreditavam na existência de espécies particulares para servir em relações ecológicas pré-determinadas e que a adaptação era um sinal de planejamento (de origem divina) e não de seleção natural. Constituíram a ideia de instituição primária e em seus estudos o objeto