A reforma do ensino médio e a implantação do Enem no Brasil
Maria Helena Guimarães de Castro
Sergio Tiezzi
Introdução
Até recentemente a educação secundária era considerada como o nível de ensino mais esquecido das políticas públicas educacionais no Brasil.Visto como um ritual de passagem ao nível superior, até meados dos anos 1980 o secundário foi historicamente um segmento destinado à educação das elites. Elevadas taxas de repetência e de evasão escolar no ensino fundamental impediam a expansão do nível secundário. O atraso escolar de nosso país era imenso ainda em 1994. Apenas pouco mais de 50% dos alunos concluíam as oito séries do ensino fundamental obrigatório, levando em média 12 anos para fazê-lo, devido à cultura da repetência prevalecente.
Do total de alunos matriculados, mais de 50% cursavam o ensino médio profissionalizante, que, na verdade, não profissionalizava nem tampouco oferecia boa educação geral.As boas escolas ofereciam como ensino médio um curso preparatório para os exames de acesso ao ensino superior. O vestibular era o grande “exame” de avaliação do ensino médio brasileiro e praticamente restrito às classes média e alta. Até então, esse nível de ensino não havia sido objeto de qualquer avaliação externa à escola. Não sabíamos o que nossos alunos aprendiam, o que sabiam fazer. A Constituição Federal estabelece como preceito a “progressiva universalização do acesso ao ensino médio gratuito”, ou seja: o ensino médio deve ser progressivamente estendido a todos aqueles que concluírem o ensino fundamental, ainda que não haja obrigatoriedade de cursá-lo. O ensino médio passa a integrar o processo que a nação considera básico para o exercício da cidadania, para o acesso às atividades produtivas, inclusive para o prosseguimento dos estudos em prol do desenvolvimento pessoal.
Este artigo trata da implantação da reforma do ensino médio e se apóia nos resultados do Enem para analisar os limites e