A reforma da onu
Celso L. N. Amorim
Texto disponível em www.iea.usp.br/artigos
As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do autor, não refletindo necessariamente as posições do IEA/USP.
A Reforma da ONU1
Celso L. N. Amorim
Uma apresentação dos esforços em curso de reforma das Nações Unidas - tanto aqueles que se referem à modernização da Organização, promovidos pelo Secretário-Geral
Kofi Annan, como os que se relacionam à ampliação do Conselho de Segurança - não pode prescindir de uma análise, ainda que breve, da evolução recente do quadro internacional e de sua repercussão sobre o funcionamento da ONU.
Como sugere o editor da revista "Foreign Affairs", Fareed Zakaria, a História das
Nações Unidas conheceu dois momentos privilegiados: o primeiro, logo após o fim da II
Guerra Mundial, e o segundo após o fim da Guerra Fria. Em ambos os casos, durante um curto período, as oportunidades abertas para a diplomacia multilateral pareceram ilimitadas. O fim da Guerra Fria não teve seu Congresso de Viena, nem seu Versalhes ou sua
Conferência de São Francisco. Mas a reunião de cúpula do Conselho de Segurança de janeiro de 1992, a única na História do órgão em mais de meio século de existência, pode servir de ponto de partida para um exame das marchas e contra-marchas pelas quais vem passando a Organização, na atual década, ao procurar ajustar-se a um cenário mundial ainda em transição. A declaração adotada pelos quinze Chefes de Estado e Governo dos países, que então integravam o Conselho de Segurança, se regozijava ante "as melhores perspectivas para alcançar a paz e segurança internacionais desde a criação das Nações
Unidas".
A cimeira do Conselho de Segurança de princípios de 1992 pode ser vista, assim, como o grande encontro multilateral celebratório de uma nova era, tornada possível pela dupla vitória do "ocidente" contra o comunismo da União Soviética e contra a agressão iraquiana. Embora estivesse claro que uma