A questão da autoridade em o selvagem
Por: Diogo Desiderati de Azevedo
A questão da autoridade em “O Selvagem” se mostraria na figura dos policiais. Entretanto, no filme, fica latente a falha no corte narcísico que deveria ser perpretado pela figura autoritária por excelência em uma cidade do interior norte americano: o Xerife.
Quando se fala em autoridade, no âmbito simbólico, fala-se sobre a função paterna, no papel de corte, do corte de narciso, destituinte da onipotência de objeto de desejo supremo, falo da mãe. A falha nesse corte traz como conseqüência direta a não cessação desse sentimento de potência infinita, assim não instaurando uma instância de lei, de interdição do desejo.
Em “O Selvagem”, a figura do policial, que por coincidência (proposital?) é pai da mocinha do filme, é um homem molóide, fraco, lerdo, que não interdita, que não inspira respeito, que não possui autoridade, não é objeto de desejo. Sua interação com os “Black Rebels” é, desde os momentos iniciais uma relação de laissez faire, apoiado talvez em colocar os Black Rebels no lugar de garotos (não punks, arruaceiros). Por sua vez, estes são como uma horda (vozes de uma esquizofrenia?), tudo é exagero, muitas mãos, muitas jaquetas, muitas motos, muita brincadeira, pouco ódio, muita potência de si (enquanto horda, enquanto corpo), respeito à autoridade, apenas à de Johnny (aquele que goza polimorficamente, bebe, corre, briga, fode...)
Assim, tomemos Johnny como o líder que é. Exerce seu poder pelo seu magnetismo, as vezes pela força, mais pelo carisma. Este se apaixona pela atendente do bar, que, mostra-se também inclinada a esse tipo de paixão. Ela revela a Johnny o seu desejo de ser arrebatada deste lugar pacato e parado, ser levada para conhecer o mundo. Quer ser tomada como objeto? Talvez queira, mais que isso, encontrar um Senhor que a liberte de seus grilhões, sua falta. Esta, ainda sem revelar sua condição de filha do Xerife, doma “O Selvagem” e o faz estender