A queda
Na Europa, "A Queda" chegou a ser criticado por supostamente mostrar um "Führer" humano, sem retratar os atos de monstruosidade que fizeram o mundo atribuir-lhe a pior imagem de um indivíduo em todos os tempos. Assim, o filme exibe um Hitler, que, por exemplo, cuidava de seu cão ou se mostrava preocupado com o destino de colaboradores com os quais simpatizava. Esse lado, no entanto, ocupa parte mínima da história. O ditador geralmente é mostrado em três estados de espírito: resignado com a derrota na guerra, tendo delírios de grandeza com uma improvável reviravolta nos acontecimentos ou, com mais freqüencia, em ataques de fúria contra seus subordinados. Fúria essa que em pouco difere da demonstrada nos discursos em que pregava a superioridade ariana, registrados nos vídeos da época - algo que só comprova a grandeza da atuação de Granz.
Em vez de cair na armadilha de satanização do personagem principal, o filme tenta explicar o nazismo como um fenômeno, o que o diretor Olivier Hirschbiegel, o mesmo do impressionante "A Experiência", de 2001, chamou de "romper tabus". Para chegar a isso, "A queda" prima por costurar detalhes do ambiente do regime. Ali estão a "liturgia" nazista e seus gestos, palavras, a fé cega e o endeusamento dos seguidores ao líder.
A maior parte do filme se passa em um fétido bunker onde se esconde a cúpula nazista, incluindo a amante de Hitler, Eva Braun, retratada como risonha e patética. Em meio ao clima de confinamento que transmite ao espectador, entremeado