A pressa
André Luiz dos Santos∗
Resumo: O texto discute a concepção de infância retomando as noções de “destino”, família e socialização. O objetivo é provocar reflexões acerca do modo como à relação com a criança pode revelar questões fundamentais da sociedade, da política e da educação.
Palavras-chave: Infância, destino e socialização.
Abstract: The text discusses the conception of childhood going back the notions of “destiny”, family and socialization. The objective is to provoke reflections concerning the way as the relationship with the child may to reveal fundamental questions of the society, politics and education.
Key-words: Childhood, destiny, socialization.
A infância, da forma como a conhecemos e a sentimos, é filha da modernidade, herdeira do esforço e trabalho de pensadores, políticos e educadores que construíram um novo mundo, aberto a descoberta, a conquista e a transformação. A ascensão da burguesia, o desenvolvimento da indústria e da ciência e as guerras remetem a necessidade de se (re) criar outro “destino” para o homem. Não mais amparado pelos braços da religião, não mais preso as amarras sanguíneas e morais da família, não mais vinculado a relações estáveis e de dependência que pudessem ser oferecidas pela comunidade. É preciso ser autônomo, independente, livre, empreendedor, alcançar, graças à razão, a maioridade.
O “novo” e seus derivados sinônimos (transformação, revolução, renovação) estão sempre pressupostos nos projetos de mudança da sociedade e do indivíduo na modernidade, e são enunciados, construções lingüísticas, que edificam a alma de nossos textos e dos quais não conseguimos nos desvencilhar. No entanto, o novo está fadado ao envelhecimento, tanto mais rápido se aceleram a demanda por transformações,
O dinamismo inato da economia moderna e da cultura que nasce dessa economia aniquila tudo aquilo que cria – ambientes físicos, instituições sociais, idéias metafísicas, visões