A perversão em Lacan foi introduzida na clínica psicanalítica, como uma estrutura, retirando-a do campo do desvio polimórfico intratável. As noções lacanianas de desejo e gozo são componentes inerentes à constituição psíquica do sujeito. Os dois grandes pilares da psicanálise: um se refere à linguagem, pois o saber inconsciente se revela numa dada palavra num dado instante, garantindo a repetição dentro da cadeia de significantes, ocupando assim o lugar do UM. Este “Um é introduzido pela experiência do inconsciente como uma fenda, um traço e/ou uma ruptura”. (LACAN, 1964, pg. 33). Sendo que “todos os que ocupam o lugar do UM se repetem, formalmente idênticos, sejam quais forem suas diferentes realidades materiais” (NASIO, 1993, pg. 20). O outro se refere à afirmação de que não existe relação sexual, ou melhor, que “não existe nenhuma relação sexual absoluta, mas que o corpo goza em três modos de gozar”. (NASIO, 1993, pg. 29). O gozo fálico seria o alivio incompleto no inconsciente que tende a ser recalcado produzindo manifestações inconscientes. O resto de tensão, chamado mais-gozar. Por fim, o gozo do Outro é a tensão totalmente descarregada, ou seja, uma situação hipotética e impossível. Este modo de gozar é aquele que “o perverso imita-o e o macaqueia, enquanto o neurótico luta para evitá-lo”. (NASIO, 1993, pg. 43). É importante ainda, retomar o conceito de objeto ‘a’ que é aquilo que Lacan toma como sua única invenção propriamente dita. Este objeto ‘a’ seria aquele que apresenta algum desejo que nunca poderá ser satisfeito, pois foi perdido pelo grande Outro e é irrecuperável, Mello (2004). Para (LACAN, 1964, pg. 115), “o desejo do homem é o desejo do Outro – que é uma espécie de desejo ao Outro que se trata, na extremidade do qual está o dar-a-ver”. Nesta pequena retomada teórica, fica evidente que o perverso é comandado pelo imperativo categórico do gozo, pois ele vive para o gozo, para apoderar-se dele, organiza-lo e prorroga-lo. Este desejo não surge pelo