A pergunta de partida, como se fazer.
QUIVY, Raymond; CAMPENHOUDT, Luc Van. A pergunta de Partida. In: Manual de Investigação em ciências Sociais. Lisboa, Ed. Gradiva. 1996.
O primeiro problema que se põe ao investigador é muito simplesmente o de saber como começar bem o seu trabalho. De facto, não é fácil conseguir traduzir o que vulgarmente se apresenta como um foco de interesse ou uma preocupação relativamente vaga num projeto de investigação operacional. O receio de iniciar mal o trabalho pode levar algumas pessoas a andar às voltas durante bastante tempo, a procurar uma segurança ilusória numa das formas de fuga para a frente que abordamos, ou ainda a renunciar pura e simplesmente ao projecto. Ao longo desta etapa mostraremos que existe uma outra solução para este problema do arranque do trabalho. A dificuldade em começar de forma válida um trabalho tem, freqüentemente, origem numa preocupação de o fazer demasiado bem e de formular desde logo um projeto de investigação de forma totalmente satisfatória. É um erro. Uma investigação é , por definição, algo que se procura. É um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceito como tal, como todas as hesitações, os desvios e as incertezas que isto implica. Muitos vivem esta realidade como uma angústia paralisante; outros, pelo contrário, reconhecem-na como um fenômeno normal e, numa palavra, estimulante. Por conseguinte, o investigador deve obrigar-se a escolher rapidamente um primeiro fio condutor tão claro quanto possível, de forma que o seu trabalho possa iniciar-se sem demora e estruturar-se com coerência. Pouco importa que este ponto de partida aparente ser banal e que a reflexão do investigador não lhe pareça ainda totalmente madura; pouco importa que, como é provável, ele mude de perspectiva ao longo do caminho. Este ponto de partida é apenas provisório, como um acampamento-base que os alpinistas constroem para preparar a escalada de um cume e que abandonarão por outros