A passagem da natureza para cultura
Prof. Pedro Mahfuz Jr.
Para Passador (2001, p. 54), a proibição do incesto é tema de estudo para dois dos mais influentes pensadores do século XX: Claude Lévi-Strauss e Sigmund Freud. Cada um desses pensadores, reconhece na proibição das relações sexuais incestuosas, a regra que é o principio de uma ordem- leva o ser humano a superar suas condições naturais de existência, resulta no surgimento da cultura como condição de espécie.
A espécie humana é a única que produziu o que chamamos cultura e, a única que respeita a proibição do incesto, que significa a interdição das relações sexuais entre parentes consangüíneos.
Esse evitamento sexual é instinto natural de preservação da espécie? Se assim fosse, então deformidades congênitas decorrentes de relações incestuosas seriam motivo para todas as espécies evitarem como impulso natural.
Para Freud o horror do incesto está presente no pensamento, mas se não é instintivo, tudo indica que sua ordem é cultural. Logo, o incesto e sua proibição são conceitos produzidos pelos homens.
Se é proibido tal ato, é possível de ser cometido, também é desejado. Assim, se o incesto ;é relação sexual interdita, logo é até desejada e passível de ocorrer.
A lógica nos mostra que os instrumentos deveriam levar os homens ao cometimento desse ato proibido, não o contrário.Portanto, a proibição do incesto é uma regra que ordena e dá sentido à ordem cultural e mental do homem, sendo imposta de fora para dentro, interiorizada, e que resulta numa estruturação da individualidade e da vida coletiva.
O homem é um ser fundado pela cultura ao ser retirado da natureza.
Tanto Lévi-Strauss como Freud, identificam a proibição do incesto como regra que afasta o homem da natureza e inaugura a cultura.
Freud entende que a proibição do incesto surgiu como solução para os conflitos experimentados na “horda primeva” que teve por função instituir uma ordem paterna fundada na interdição da posse das mulheres do