FILO
“figuram seres femininos sobrenaturais que, por meio de seus cantos mágicos, levam os marinheiros para a morte”.3 No entanto, como nenhuma teoria é capaz de explicar de modo definitivo a referência precisa para a composição desse episódio em Homero, “as tentativas de determinar o que exatamente os gregos antigos compreendiam pelo conceito de ‘sereia’ se concentraram nas evidências das artes visuais”.4
Saber precisamente o que são as sereias com base na Odisseia é praticamente impossível. Em seu comentário detalhado dessa epopeia, o homerista Alfred Heubeck considera que há duas dificuldades básicas na passagem, que levaram a explicações divergentes. A primeira é o fato de o poema não dar detalhes sobre a aparência e a ascendência das sereias, nem sobre a verdadeira natureza do perigo ou sobre o modo como as vítimas delas morrem. A segunda é a tradição posterior que busca uma conciliação do relato homérico com o tratamento das sereias pelos gregos antigos na pintura. Heubeck comenta, então, que o tema remete ao acervo da cultura popular de um povo intimamente ligado ao mar, com diversas referências de histórias antigas nas quais
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