A Origem do Alfabeto Luiz Carlos Cagliari
Luiz Carlos Cagliari1
No
começo, eram os pictogramas. A escrita era feita com o desenho das coisas, representando as palavras usadas para designar essas coisas. A palavra “olho” podia ser @,
“casa” podia ser =.
Os nomes dos caracteres eram os nomes das próprias coisas. Essa escrita, chamada ideográfica, era fácil de ser entendida em muitas línguas.
Com o passar do tempo, no entanto, viu-se que havia um grande problema: os símbolos eram muito numerosos, assim como a relação de coisas a serem representadas, que se tornavam cada vez mais complexas.
Os pictogramas cederam lugar, então, aos silabários, sinais representando os sons das sílabas.
Mudou o ponto de partida da escrita, que passou do significado para o som das palavras, de ideográfica a fonográfica. Com isso, houve uma redução enorme no número de caracteres necessários à composição de palavras.
E uma outra modificação importante ocorreu: os nomes dos caracteres foram perdendo a relação de conotação com as coisas representadas e adquirindo significado próprio. Porém, o melhor tipo de caractere para representar os sons ainda era o silábico, que trazia muitas redundâncias. Se existiam
“letras” como PA, BA, TA, AS, LA, RA ou PE, BE, TE, SE, LE, RE, podia-se simplificar mais ainda e formar uma
nova classe de caracteres, como A, E,
P, B, T, S, L, R, etc. Esta é, na teoria, a lógica do desenvolvimento do alfabeto. Mas na prática, as coisas não aconteceram de modo tão perfeito, nem a escrita apareceu ao mesmo tempo em todos os povos, o que torna essa história ainda mais fascinante. Os sistemas silábicos do Oriente
Médio vieram da escrita Suméria
(iniciada por volta de 3200 a.C.), que se transformou em cuneiforme com o domínio da civilização acadiana
(2000 a 600 a.C.). Os dois pólos mais importantes de irradiação dessa escrita foram as civilizações babilônica e assíria da Mesopotâmia.
Os acadianos, assim como os egípcios, falavam uma língua semítica, ramo ao qual pertencem hoje o árabe e o