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FONÉTICA – UMA ENTREVISTA COM LUIZ CARLOS CAGLIARI
Luiz Carlos Cagliari Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP
ReVEL – Quais foram os trabalhos fundadores em pesquisa Fonética? Quando passou a se pensar a Fonética como uma subárea lingüística de certa forma independente da Fonologia? Cagliari – A Fonética é a preocupação de investigação mais antiga da Humanidade com relação à linguagem. Todos os criadores de sistemas de escrita tiveram que buscar na observação da fala as diretrizes para a formação dos sistemas de escrita. Isso é particularmente claro no caso da criação do alfabeto. Criado um sistema de escrita, surge necessariamente a ortografia, para não deixar a escrita variar sem controle. Os ortógrafos sempre foram bons foneticistas. Os gramáticos foram aos poucos explicando os mecanismos de produção dos sons da fala. A grande virada aconteceu quando surgiu a necessidade de estudar escritas antigas, com as descobertas arqueológicas do século XVIII, vindo ao mesmo tempo uma preocupação com a origem das línguas. Os comparatistas do século XIX tiveram que definir a Fonética em bases mais sólidas. Na mesma época, surgiram os grandes estudos de dialetologia que, naturalmente, tinham na Fonética uma ferramenta essencial. Foi, então, que surgiram os alfabetos fonéticos como o IPA (da Associação Internacional de Fonética). Na virada do século XIX para o século XX, o mundo viu um enorme desenvolvimento científico, tecnológico e industrial. As pesquisas com os sons da fala criaram laboratórios. Surgiram equipamento para análise da fala, como o quimógrafo, o raio-X, o palatógrafo, etc. Três grandes 1
foneticistas se destacam naquela época: Abbé Pierre Rousselot, na França; Structure, nos Estados Unidos e Daniel Jones, na Inglaterra. Dessa época em