A ocupacao da amazonia
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A M Ã E - D A - M A T A percorre a floresta chorando e se lamentando pela perda de seus
filhos. Sua aparição está associada a sentimentos de perda e dificuldades na vida: morte de parentes, fome, situações de opressão ou escravidão, no âmbito familiar. Desmatamento, invasões, conflitos entre grupos, no âmbito coletivo. No Acre, fala-se na mãe-da-seringueira, localizando-se o drama num tipo social determinado, o extrativismo da borracha, e dando forma humana ao espírito de uma árvore muito especial, que sofre quando é cortada e fornece “leite” e sustento para a família, exatamente como uma abnegada mãe.
cimento do território, que estava dividido em dois pelo Tra-
mentos históricos da região. Como, por exemplo, no tempo de riquezas dos coronéis, comerciantes e seringalistas, que contrastava com a simplicidade dos seringueiros atrelados ao perverso sistema de aviamento – rede de crédito. Narram-se a grande leva de imigrantes europeus e nordestinos; a construção da ferrovia Madeira–Mamoré, o declínio da borracha e seus motivos; até o seu segundo ciclo, ocorrido em 1941 durante a Segunda guerra mundial, que trouxe novamente para a região milhares de nordestinos. Uma filha de imigrantes nos conta a história de sua família que veio para a Amazônia extrair borracha para promover a guerra. Por fim, o programa relata a ocupação, realizada pelos militares, de repovoamento da região Norte, do qual a transamazônica é o maior símbolo. A promessa de distribuição de terras atraiu milhares de camponeses brasileiros, principalmente nordestinos. Os grandes projetos agropecuários e os incentivos à exploração de madeira e minério fizeram crescer assustadoramente a taxa de desmatamento. As grandes obras não trouxeram a prosperidade desejada e agravaram as tensões sociais.
O resultado de todo este processo histórico é a diversidade cultural amazônica, formada pela presença de índios, negros, árabes, europeus, asiáticos e brasileiros