A noção de centro urbano
O objeto deste trabalho é a noção de centro e centralidade disseminada pelas interpretações do modelo centro-periferia de explicação do urbano, em específico da metrópole de São Paulo. O objetivo é identificar essa noção, verificando suas lacunas, contradições e limites. O desenvolvimento desta monografia se deu em função das discussões feitas nas aulas da disciplina AUH 5708 – Produção e Apropriação do Espaço Metropolitano, do programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAUUSP.
Partindo do pressuposto de que o modelo centro-periferia foi e se mantém dominante como explicação do urbano, as discussões coletivas realizadas em aula identificaram a existência de lacunas em suas interpretações, e levantaram a questão da sua insuficiência para o entendimento da totalidade do fenômeno urbano. As lacunas foram percebidas a partir da dualização das análises: ora focadas sobre a periferização (autoconstrução na periferia), ora focadas na verticalização (nas áreas centrais). Essa estrutura do modelo fragmenta a interpretação sobre o urbano, sobre as formas de produção e apropriação do espaço da metrópole, e ignora especificidades.
Um dos lados da dualização expressa nas análises do modelo, o centro, aparece como área de decisão, como central, dimensão que controla todo o resto, este representado pelo outro lado, a periferia. A idéia de centro que compõe esse modelo explicativo do urbano carrega consigo o conceito de centralidade, a qualidade do que é considerado central, e portanto, polariza as análises, chama para si o que seriam as causas que geram efeitos e processos no outro lado, na periferia. Ele seria o que comanda o processo, o que dita as diretrizes. O significado de centro representa um lugar privilegiado para a reprodução do capital e para a ocupação por parte das camadas de maior renda da sociedade.
No entanto, em alguns autores debatidos em aula é possível identificar lacunas na construção e