A mulher dos anos dourados e seu papel em família.
Uma análise histórica sobre as mensagens trazidas pelas revistas femininas Cláudia e Jornal das Moças, entre 1945 e 1964, mostra que o ideal de felicidade conjugal é social e historicamente construído, implicando em certas expectativas quanto aos papéis desempenhados por homens e mulheres. Naquela época, segundo as revistas especializadas, a mulher ideal era a “rainha do lar”, prendada, que cuidava da aparência e era a boa esposa/companheira perfeita, ao passo que o homem era o “chefe da casa”, o poderoso, gozava de liberdade, detinha o controle financeiro e devia ser sempre agradado, nunca incomodado. Abaixo encontramos alguns trechos tirados dessas publicações de época:
- “Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas”. (Jornal das Moças, 1957)
- “A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas. Nada de incomodá-lo com serviços domésticos”. (Jornal das Moças, 1959)
- “Se o seu marido fuma, não arranje zanga pelo simples fato de cair cinzas nos tapetes. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa”. (Jornal das Moças, 1957)
- “Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu”. (Revista Querida, 1954)
- “O noivado longo é um perigo”. (Revista Querida, 1953)
- “É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido”. (Jornal das Moças, 1957)
- “O lugar da mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza”. (Revista Querida, 1955)
O que pode parecer absurdo para o mundo contemporâneo/moderno, era extremamente comum e aceitável nos anos 50.
Nessa época, embora a mulher não tivesse mais a grande obrigação dos casamentos arranjados pelos pais, ainda assim, tinha o perfil de mulher destinada ao lar, ou seja, a casar, ter filhos, cuidar do marido. Cabia a ela a responsabilidade do sucesso no casamento, a felicidade conjugal dependia única e exclusivamente da mulher. Era muito forte a distinção de papéis