A mudança dos hábitos dos cariocas devido à violência urbana
1. A violência urbana. Devido à ampla e difundida importância que vem sendo atribuída à violência, especialmente a existente nas grandes metrópoles, chamada violência urbana, torna-se importante investigar seus efeitos na mudança de hábitos de seus habitantes. Este fenômeno já faz parte do cotidiano no Rio de Janeiro, seja através da mídia ou de vivências pessoais diretas ou indiretas. Todos são obrigados a conviver com a idéia de ter suas vidas ou seus bens ameaçados diariamente. O sentimento de insegurança, que se encontra no âmago das discussões sobre o aumento da violência, raramente repousa sobre a experiência direta com a mesma, segundo Michaud (1989). O medo é conseqüência da crença, fundada ou não, de que tudo pode acontecer, de que deve-se esperar tudo ou, ainda, de que não se pode mais ter certezade nada nos comportamentos cotidianos. Aqui estão presentes: imprevisibi-lidade, caos e violência. Apesar desta insegurança ainda assombrar o dia-a-dia da maioria dos cariocas, estatísticas apresentadas no jornal O Globo de 16/07/2002 mostram algumas melhorias neste sentido. Estas estatísticas apresentam números que foram divulgados no dia anterior àquela data pela Secretaria de Segurança Pública. Eles revelam que houve uma queda nos índices de criminalidade em junho, com relação a maio. O índice de roubos de veículos caiu 20,9% e o de homicídios dolosos, 17,2%. O total de roubos caiu 20,5% e o de furtos, 11%.
Contudo, se comparados a junho de 2001, os resultados deste ano ainda são insuficientes. Houve um aumento, por exemplo, de 21,9% no número de homicídios dolosos e de 23,6% no de roubos de veículos. Assim, esse quadro parece gerar um estado de terror psicológico nos sujeitos. Fatos e acontecimentos que antes pareciam inofensivos na vida do carioca como, por exemplo, um filho atrasar alguns minutos do horário previsto para o retorno ao lar, ruídos repentinos, a aproximação de algum automóvel, a abordagem de alguém na rua,