A Mobilizac A O Popular
Apesar da negativa em conceder o estado de sítio, a esquerda procurava vincular-se a Jango. Ofereceu-lhe apoio em troca da nomeação de Brizola como ministro da Fazenda e exigiu, por meio de manifestações, medidas mais arrojadas para conter a crise económica e a ameaça de golpe por parte da direita.
Em nenhum momento da história brasileira as pressões populares foram tão intensas. A política deixava de ser privilégio do jogo parlamentar e absorvia as universidades, as escolas, as fábricas, os quartéis e as áreas rurais. O Brasil assistia a uma intensa mobilização sindical, que redundava num número crescente de greves de caráter político. Contando muitas vezes com o apoio tácito de setores militares, tais movimentos acabaram por incendiar as camadas subalternas das Forças Armadas.
No campo ocorria a formação de diversos sindicatos, cujas direções eram disputadas por grupos católicos de direita e esquerda, e pelo PCB, ainda na clandestinidade, reclamando a reforma agrária e o cumprimento das leis trabalhistas aprovadas no início de 1963. Mas o movimento dos trabalhadores rurais tinha nas temidas Ligas Camponesas o seu braço mais radical. Organizadas por Francisco Julião, em Pernambuco e na Paraíba, entre 1955 e 1964, como forma de resistência dos pequenos agricultores e trabalhadores, as Ligas recorriam muitas vezes às armas contra os desmandos de latifundiários e defendiam uma reforma agrária radical.
Por outro lado, estudantes divididos em diversos agrupamentos de esquerda defendiam uma aliança operário--estudantil-camponesa. Foi criada a Frente de Mobilização Popular (FMP), que procurava congregar a UNE, a FPN, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), as Ligas Camponesas e os setores da esquerda católica, como a Juventude Operária Católica (JOC) e a Juventude Universitária Católica (JUC).
À direita surgiu uma série de movimentos cujos objetivos eram frear o avanço das reivindicações populares, financiar agrupamentos e' políticos de feições