A língua de eulália - marcos bagno
A Língua De Eulália é considerada uma novela sociolinguística que vai dar origem após a chegada de Vera, 21 anos, estudante de Letras; Silvia, mesma idade, estudante de Psicologia e Emília, 19 anos, estuda Pedagogia, à casa da tia de Vera, Irene, na cidade paulista de Atibaia, para curtirem alguns dias de férias de inverno e descansarem da agitada vida de professoras do curso primário em São Paulo.
Após o almoço de recepção, as garotas acham engraçado o modo de falar de Eulália, empregada de Irene. A partir daí, entram os conhecimentos lingüísticos de Irene, que tenta explicar às garotas que Eulália não fala “errado”, ela fala “diferente”. Ela utiliza o português não-padrão. Isso desperta a curiosidade das três estudantes em relação à língua portuguesa e suas variedades. Irene, então, propõe a elas que sirvam de “cobaias” às suas teses, desenvolvidas no livro que está escrevendo e propõe que tivessem “aulas” durante o período em que permanecessem hospedadas por ali e discutissem o assunto. Começa, então, uma série de intervenções de Irene, lingüista por paixão, sobre as variedades do português. de forma didática, um amplo panorama da linguística, entrelaçando a sociolinguística, a fonética, a fonologia, a morfologia etc. Através de Irene, uma estudiosa das línguas, e três universitárias, Bagno mostra e desfaz mitos e preconceitos relativos a língua, além de debater língua padrão, variedades, conhecimento, erro e mudanças, partindo de observações feitas desde a língua de Eulália, empregada e amiga de Irene, até o latim. No início Bagno expõe uma cena comum de preconceito lingüístico, na qual as personagens Silvia e Emília subestimam a sabedoria de Eulália, partindo da (infeliz, ainda que corrente) ideia de que uma pessoa que “fala tudo errado” não pode ser sábia, e citam, ridicularizando, as palavras ditas pela senhora; palavras estas que são utilizadas pela maioria da população, como: “probrema” e “frósfro”. Assim o autor